Publicado 2009/07/13
Autor: Marcelo Pereira de Andrade
Autor: Marcelo Pereira de Andrade
É sabido que o problema da verdade é uma das questões essenciais da filosofia. O filósofo foi desde o início da Filosofia caracterizado como aquele que busca a verdade...
Marcelo Pereira de Andrade (1)
Introdução
É sabido que o problema da verdade é uma das questões essenciais da filosofia. O filósofo foi desde o início da Filosofia caracterizado como aquele que busca a verdade. Mesmo aqueles que pretendem negá-la precisam prestar contas a ela. Porém, a intenção deste trabalho não é discutir as diversas definições de verdade e nem discutir sobre a existência da Verdade ou de alguma verdade. Nosso enfoque não está na verdade, mas naquele que busca a verdade, isto é, naquele que pretende ter acesso a ela.
O problema do acesso à verdade não é apenas um problema gnosiológico ou das condições de possibilidade do conhecimento, como pretende a filosofia moderna. É também um problema ético. 2
O modo como o problema do acesso à verdade é posto por alguns pensadores contemporâneos 3 é ainda fortemente caracterizado pela modernidade cartesiana e kantiana. 4 O acesso à verdade é garantido pelas regras formais do método, condições internas do ato de conhecimento etc. 5 Isso significa que aquilo que dá acesso à verdade é somente o conhecimento e que, em última análise, o sujeito é a priori capaz da verdade. O resultado é que o problema da verdade torna-se um problema eticamente neutro.
Na Antiguidade, ao contrário, o acesso à verdade dependia de uma ascese, uma purificação, uma conversão que impunha ao sujeito uma transformação ética. Era somente a partir de uma conversão do seu ser que o sujeito poderia pretender alcançar a verdade. Como conseqüência, o problema da verdade estava atrelado à conduta ética. A posse da verdade era o coroamento da ascese, isto é, da conduta ética, realizada pelo sujeito.
Nossa intenção é justamente sondar um momento dessa compreensão em um dos filósofos antigos em que a necessidade da transformação de si para alcançar a verdade parece manifestar-se sem equívoco: Platão.
Dado o limite imposto a este trabalho, nos deteremos notadamente em algumas passagens dos livros V, VI e VII da República.
O trabalho divide-se em três partes. A primeira parte analisa a definição do filósofo buscada por Platão em República V. A segunda analisa a natureza do filósofo em República VI. O terceiro momento apresenta a célebre Alegoria da Caverna, entendida como uma nova Paidéia (educação) que ensina a necessidade da ascese (olhar da alma) em República VII.
1. Quem é filósofo
Em República V, para tentar determinar a identidade do filósofo, Platão compara-o ao amante. Isso significa que uma primeira aproximação de quem é o filósofo pode ser descrita em termos de um relacionamento amoroso. Todo amante deseja possuir o amado na totalidade. Todo amante deseja seu bem na totalidade. Nenhum amante se contenta com parte do seu bem, mas o deseja possuir integralmente. Assim também acontece com o filósofo - amante da sabedoria - que deseja a sabedoria, seu bem, integralmente. É por causa desse desejo total que ele se põe em marcha no caminho de encontro da sabedoria, que é o aprender. Mais que isso, se para uns o caminho da aprendizagem é árduo e causa aborrecimento, o filósofo sente prazer em aprender: "Mas àquele que deseja prontamente provar de todas as ciências e se atira ao estudo com prazer e sem se saciar, a esse chamaremos com justiça filósofo, ou não?" (475d).
Mas Platão reconhece que ter prazer em aprender não é atributo apenas do filósofo:
Então vais ter muitos filósofos desses, e bem estranhos. Realmente, parece-me que todos os amantes de espetáculos, uma vez que têm prazer em aprender, são desse número; e há os amantes de audições, que são os mais difíceis de agrupar entre os filósofos, que não quereriam, de boa vontade, vir ouvir uma discussão e uma conversa como esta, mas que andam por toda a parte, como se tivessem alugado os ouvidos para escutar todos os coros das Dionísias, sem deixar de ir, quer às Urbanas, quer às Rurais. A todos estes, portanto, e a outros que se dedicam a aprender tais coisas e artes de pouca monta, havemos de chamar-lhes filósofos? (República V 475d-e).
Os amantes de espetáculo e amantes de audições citados acima fazem menção às duas formas exemplares da educação grega: o teatro e a música. Os espectadores, aqueles que assistem aos espetáculos, são também os ouvintes, aqueles que se dedicam aos sons. Ambos vão ao theatron (lugar destinado aos espetáculos).
Os amantes de espetáculos também são desejosos de aprender. Seriam eles, então, filósofos? Platão não concorda. Afirma serem eles apenas aparência de filósofos. Então, quem são os autênticos filósofos?
Eis a resposta de Platão: "- E a quais é que chamas verdadeiros (filósofos)? - Aos amantes do espetáculo da verdade, respondi eu" (475e, grifos meus).
O espectador assiste ao espetáculo; ele é amante do espetáculo. O filósofo, por sua vez, é amante do espetáculo da verdade. Platão explica a diferença entre os amantes do espetáculo e o amante do espetáculo da verdade:
- Os amantes de audições e de espetáculos encantam-se com as belas vozes, cores e formas e todas as obras feitas com tais elementos, embora o seu espírito seja incapaz de discernir e de amar a natureza do belo em si [...] Mas aqueles que são capazes de subir até ao belo em si e de o contemplar na sua essência, acaso não serão muito raros? [...] Ora, quem acreditar que há coisas belas, mas não acreditar que existe a beleza em si nem for capaz de seguir alguém que o conduzisse no caminho do seu conhecimento, parece-te que vive em sonho ou em realidade? Repara bem. Por ventura sonhar não é quando alguém, quer durante o sono, quer desperta, julga que um objeto semelhante a outro não é semelhança, mas o próprio objeto com o que se parece?
- Eu, por mim, chamaria sem dúvida sonhar a uma coisa dessas.
- Ora, pois! Aquele que, ao contrário deste, entende que existe o belo em si e é capaz de o contemplar na sua essência e nas coisas em que tem participação, e sabe que as coisas não se identificam com ele, nem ele com as coisas, alguém assim parece-te viver em sonho ou na realidade?
- Claro que na realidade (República V 476b - d).
No espetáculo há os que amam a imagem (eidolon = ídolo) e não arremetem o olhar da alma ao original (eidos). Não compreendem que a imagem que estão vendo é apenas cópia. Já o filósofo tem outra percepção: para ele, a imagem é um eikon (ícone) do original, pois ele sabe que se trata de mera cópia, mas não se trata de ídolo, senão de ícone, isto é, ocasião para arremeter o olhar da alma. Se a bela imagem retém o olhar do espectador, ela possui um sentido negativo, é um ídolo; se a partir dela o espectador arremete o olhar à beleza em si, possui sentido positivo, é um ícone.
Eis, portanto, a nota distintiva do filósofo: não só amante do espetáculo, mas amante do espetáculo da verdade.
Duas coisas importantes: a) a percepção correta das imagens não é um exercício de adequação, senão de discordância para com elas. O filósofo, para conhecer alguma coisa, deve afastar-se dela até ao hiperurânio (mundo das Idéias), para realmente conhecer; b) o problema não está apenas na aprendizagem, ou melhor, o problema da aprendizagem - da educação grega, pois os espetáculos são formadores na cultura grega - está atrelado a uma dimensão que ultrapassa a pedagogia entendida meramente como técnica: a necessidade da conversão do olhar da alma. Ser capaz e sentir prazer em aprender não são atributos exclusivos do filósofo. Os artistas gregos também fazem isso. O diferencial é aquilo que é exigido do filósofo: ele deve mudar o olhar, não deter-se apenas nas imagens. A necessidade da reorientação do olhar é uma exigência ética a qual o filósofo se submete. Para ultrapassar as imagens, ele precisa afastar-se delas, recusar o frenesi e manter-se temperante. Por isso, o amante do espetáculo é o philodoxos, amante da opinião; o amante do espetáculo da verdade é philosophos, amante do saber: "- Por conseguinte, diríamos com razão que o pensamento deste homem era conhecimento, visto que sabe, ao passo que o do outro era opinião, visto que se funda nas aparências? - Absolutamente" (República V 476d).
O olhar da alma é um comprometimento ético que Platão chama de periagogè (conversão). A realização dessa conversão transforma o filósofo ou, talvez simplesmente, revela sua verdadeira natureza. 6
2. A natureza do filósofo
O filósofo possui, segundo Platão, uma natureza especial que o difere dos demais. No fundo, ele é clarividente enquanto os demais estão mergulhados nas trevas, como cegos:
Ora bem! Parece-te que há alguma diferença entre os cegos e aqueles que estão realmente privados do conhecimento de todo o ser, e que não têm na alma nenhum modelo claro, nem são capazes de olhar, como pintores, para a verdade absoluta, tomando-a sempre como ponto de referência e contemplando-a com o maior rigor possível, para só então promulgar leis cá na terra sobre o belo, o justo, o bom, se for caso disso, e preservar as que existirem mantendo-as a salvo?
Por Zeus, a diferença é enorme! (República VI 484d).
Platão examina a natureza do filósofo-clarividente: 7
a) que seja sempre amante do saber (485b);
b) que sinta aversão à mentira e recuse admitir voluntariamente a falsidade (485c);
c) que cuide mais da alma que do corpo (485e);
d) que não possua qualquer baixeza e mesquinhez (486a);
e) que não tema a morte, não seja covarde, grosseiro, vaidoso (486b);
f) que tenha boa memória, pois não basta aprender, é preciso reter o que se aprendeu (486c);
g) que seja comedido (486d);
h) que conduza à verdadeira essência das coisas (486e);
i) que seja, enfim, aparentado com a verdade, coragem e justiça (487a).
Mas, apesar de possuir qualidades excepcionais, o filósofo é considerado inútil pela maioria: "... são inúteis à maioria os melhores filósofos" (489b). Por quê?
Por causa dos pseudo-educadores que ensinam como sabedoria aquilo que não é. 8 Por isso, a necessidade de uma nova educação, uma nova Paidéia. Mas antes disso, Platão insere uma alegoria para elucidar a educação popular e a relação com o filósofo, resumida a seguir. 9
Numa nau, o comandante excede em tamanho e força todos os demais, mas é surdo e míope e não conhece bem a navegação. Os marinheiros decidem assumir a direção da nau, e, desconhecendo a arte da navegação, levam a nau a pique. E se depararem com um piloto de verdade, atribuirão a ele a alcunha de imprestável.
Platão compara o comandante aos governantes das cidades; os marinheiros aos políticos; o verdadeiro piloto ao filósofo. 10 O problema todo está na má educação dos governantes e dos políticos. O resultado:
Bem poucos são, então - prossegui eu - ó Adimento, os que nos restam, dignos de conviver com a filosofia, a não ser qualquer espírito nobre e com boa educação, retido pelo exílio, e que, por falta de quem o corrompa, permanece por natureza fiel à filosofia... (República VI, 496b, grifos meus).
Mas a boa educação do filósofo não contribui porque ele é atopos (sem-lugar) na sociedade corrompida:
E os que se tornaram membros desse pequeno grupo, que provaram a doçura e beatitude desse bem, quando viram suficientemente a loucura da multidão, e que ninguém executa nada de sensato, por assim dizer, no governo dos Estados, nem há aliado cuja companhia pudesse prestar socorro à justiça, ficando a são e salvo, mas antes, como se fosse um homem que tivesse caído no meio das feras, sem querer colaborar nos seus desmandos nem ser capaz de, sozinho, resistir a todo esse bando selvagem, perece antes de poder ser de qualquer utilidade à cidade ou aos amigos, sem vantagem para si mesmo nem para os outros... (496d).
A situação é trágica: náufragos, desesperados por uma carta de navegação, aquele que poderia realmente ajudar é ignorado. O resultado é o domínio da injustiça e da impiedade. 11
O problema é - como o próprio Platão mostra a seguir, ao comparar a alma ao olhar na narrativa da metáfora do Rei-Sol - o olhar dos não-filósofos.
Após mostrar que o diferencial do filósofo é o conhecimento da Idéia do Bem 12 - o mais alto conhecimento - Platão lança mão da metáfora do Rei-Sol:
... O que eu quero é expor-vos o que me parece ser filho do bem e muito semelhante a ele, se tal voz apraz [...] Por que meio vemos o que é visível? - Por meio da vista [...] - Ainda que exista nos olhos a visão, e quem a possui tente servir-se dela, e ainda que a cor esteja presente nas coisas, se não lhes adicionar uma terceira espécie, criada expressamente para o efeito, sabes que a vista nada verá, e as coisas serão invisíveis. - Que é isso a que te referes? - É aquilo a que chamas luz (507e).
Portanto, não há visão sem os olhos e sem a luz. E a luz vem do Sol, o filho do bem: "Qual é, dentre os deuses do céu, aquele a quem atribuis a responsabilidade deste fato, de a luz nos fazer ver da maneira mais perfeita possível, e que seja visto o que é visível? - O mesmo que tu e os restantes; pois é evidente que estás a perguntar pelo Sol" (508a).
Em seguida, a preeminência da vista é explicitada:
- Acaso a vista não se encontra na seguinte relação para com o deus? - Qual? - A vista não é o Sol; nem ela nem o sítio onde se forma, a que chamamos olhos. - Sim. - Mas são, segundo creio, de todos os órgãos dos sentidos, os mais semelhantes ao Sol. - De fato. - E o poder que possuem, que lhes é dispensado por ele, não é como se transbordasse de lá? - Sim. - Por ventura o Sol, que não é a vista, mas sua causa, não é contemplado através desse mesmo sentido? - Assim é (508b).
O sentido da metáfora é revelado:
- Podes, portanto, dizer que é o Sol, que eu considero filho do bem, que o bem gerou à sua semelhança, o qual bem é, no mundo inteligível, em relação à inteligência e ao inteligível, o mesmo que o Sol no mundo visível em relação à vista e ao visível (508c).
Assim como os olhos físicos enxergam os objetos por causa da luz solar, assim o olho da alma enxerga o inteligível por causa da luz da Idéia de Bem. Eis um esquema para elucidar as equivalências:
Introdução
É sabido que o problema da verdade é uma das questões essenciais da filosofia. O filósofo foi desde o início da Filosofia caracterizado como aquele que busca a verdade. Mesmo aqueles que pretendem negá-la precisam prestar contas a ela. Porém, a intenção deste trabalho não é discutir as diversas definições de verdade e nem discutir sobre a existência da Verdade ou de alguma verdade. Nosso enfoque não está na verdade, mas naquele que busca a verdade, isto é, naquele que pretende ter acesso a ela.
O problema do acesso à verdade não é apenas um problema gnosiológico ou das condições de possibilidade do conhecimento, como pretende a filosofia moderna. É também um problema ético. 2
O modo como o problema do acesso à verdade é posto por alguns pensadores contemporâneos 3 é ainda fortemente caracterizado pela modernidade cartesiana e kantiana. 4 O acesso à verdade é garantido pelas regras formais do método, condições internas do ato de conhecimento etc. 5 Isso significa que aquilo que dá acesso à verdade é somente o conhecimento e que, em última análise, o sujeito é a priori capaz da verdade. O resultado é que o problema da verdade torna-se um problema eticamente neutro.
Na Antiguidade, ao contrário, o acesso à verdade dependia de uma ascese, uma purificação, uma conversão que impunha ao sujeito uma transformação ética. Era somente a partir de uma conversão do seu ser que o sujeito poderia pretender alcançar a verdade. Como conseqüência, o problema da verdade estava atrelado à conduta ética. A posse da verdade era o coroamento da ascese, isto é, da conduta ética, realizada pelo sujeito.
Nossa intenção é justamente sondar um momento dessa compreensão em um dos filósofos antigos em que a necessidade da transformação de si para alcançar a verdade parece manifestar-se sem equívoco: Platão.
Dado o limite imposto a este trabalho, nos deteremos notadamente em algumas passagens dos livros V, VI e VII da República.
O trabalho divide-se em três partes. A primeira parte analisa a definição do filósofo buscada por Platão em República V. A segunda analisa a natureza do filósofo em República VI. O terceiro momento apresenta a célebre Alegoria da Caverna, entendida como uma nova Paidéia (educação) que ensina a necessidade da ascese (olhar da alma) em República VII.
1. Quem é filósofo
Em República V, para tentar determinar a identidade do filósofo, Platão compara-o ao amante. Isso significa que uma primeira aproximação de quem é o filósofo pode ser descrita em termos de um relacionamento amoroso. Todo amante deseja possuir o amado na totalidade. Todo amante deseja seu bem na totalidade. Nenhum amante se contenta com parte do seu bem, mas o deseja possuir integralmente. Assim também acontece com o filósofo - amante da sabedoria - que deseja a sabedoria, seu bem, integralmente. É por causa desse desejo total que ele se põe em marcha no caminho de encontro da sabedoria, que é o aprender. Mais que isso, se para uns o caminho da aprendizagem é árduo e causa aborrecimento, o filósofo sente prazer em aprender: "Mas àquele que deseja prontamente provar de todas as ciências e se atira ao estudo com prazer e sem se saciar, a esse chamaremos com justiça filósofo, ou não?" (475d).
Mas Platão reconhece que ter prazer em aprender não é atributo apenas do filósofo:
Então vais ter muitos filósofos desses, e bem estranhos. Realmente, parece-me que todos os amantes de espetáculos, uma vez que têm prazer em aprender, são desse número; e há os amantes de audições, que são os mais difíceis de agrupar entre os filósofos, que não quereriam, de boa vontade, vir ouvir uma discussão e uma conversa como esta, mas que andam por toda a parte, como se tivessem alugado os ouvidos para escutar todos os coros das Dionísias, sem deixar de ir, quer às Urbanas, quer às Rurais. A todos estes, portanto, e a outros que se dedicam a aprender tais coisas e artes de pouca monta, havemos de chamar-lhes filósofos? (República V 475d-e).
Os amantes de espetáculo e amantes de audições citados acima fazem menção às duas formas exemplares da educação grega: o teatro e a música. Os espectadores, aqueles que assistem aos espetáculos, são também os ouvintes, aqueles que se dedicam aos sons. Ambos vão ao theatron (lugar destinado aos espetáculos).
Os amantes de espetáculos também são desejosos de aprender. Seriam eles, então, filósofos? Platão não concorda. Afirma serem eles apenas aparência de filósofos. Então, quem são os autênticos filósofos?
Eis a resposta de Platão: "- E a quais é que chamas verdadeiros (filósofos)? - Aos amantes do espetáculo da verdade, respondi eu" (475e, grifos meus).
O espectador assiste ao espetáculo; ele é amante do espetáculo. O filósofo, por sua vez, é amante do espetáculo da verdade. Platão explica a diferença entre os amantes do espetáculo e o amante do espetáculo da verdade:
- Os amantes de audições e de espetáculos encantam-se com as belas vozes, cores e formas e todas as obras feitas com tais elementos, embora o seu espírito seja incapaz de discernir e de amar a natureza do belo em si [...] Mas aqueles que são capazes de subir até ao belo em si e de o contemplar na sua essência, acaso não serão muito raros? [...] Ora, quem acreditar que há coisas belas, mas não acreditar que existe a beleza em si nem for capaz de seguir alguém que o conduzisse no caminho do seu conhecimento, parece-te que vive em sonho ou em realidade? Repara bem. Por ventura sonhar não é quando alguém, quer durante o sono, quer desperta, julga que um objeto semelhante a outro não é semelhança, mas o próprio objeto com o que se parece?
- Eu, por mim, chamaria sem dúvida sonhar a uma coisa dessas.
- Ora, pois! Aquele que, ao contrário deste, entende que existe o belo em si e é capaz de o contemplar na sua essência e nas coisas em que tem participação, e sabe que as coisas não se identificam com ele, nem ele com as coisas, alguém assim parece-te viver em sonho ou na realidade?
- Claro que na realidade (República V 476b - d).
No espetáculo há os que amam a imagem (eidolon = ídolo) e não arremetem o olhar da alma ao original (eidos). Não compreendem que a imagem que estão vendo é apenas cópia. Já o filósofo tem outra percepção: para ele, a imagem é um eikon (ícone) do original, pois ele sabe que se trata de mera cópia, mas não se trata de ídolo, senão de ícone, isto é, ocasião para arremeter o olhar da alma. Se a bela imagem retém o olhar do espectador, ela possui um sentido negativo, é um ídolo; se a partir dela o espectador arremete o olhar à beleza em si, possui sentido positivo, é um ícone.
Eis, portanto, a nota distintiva do filósofo: não só amante do espetáculo, mas amante do espetáculo da verdade.
Duas coisas importantes: a) a percepção correta das imagens não é um exercício de adequação, senão de discordância para com elas. O filósofo, para conhecer alguma coisa, deve afastar-se dela até ao hiperurânio (mundo das Idéias), para realmente conhecer; b) o problema não está apenas na aprendizagem, ou melhor, o problema da aprendizagem - da educação grega, pois os espetáculos são formadores na cultura grega - está atrelado a uma dimensão que ultrapassa a pedagogia entendida meramente como técnica: a necessidade da conversão do olhar da alma. Ser capaz e sentir prazer em aprender não são atributos exclusivos do filósofo. Os artistas gregos também fazem isso. O diferencial é aquilo que é exigido do filósofo: ele deve mudar o olhar, não deter-se apenas nas imagens. A necessidade da reorientação do olhar é uma exigência ética a qual o filósofo se submete. Para ultrapassar as imagens, ele precisa afastar-se delas, recusar o frenesi e manter-se temperante. Por isso, o amante do espetáculo é o philodoxos, amante da opinião; o amante do espetáculo da verdade é philosophos, amante do saber: "- Por conseguinte, diríamos com razão que o pensamento deste homem era conhecimento, visto que sabe, ao passo que o do outro era opinião, visto que se funda nas aparências? - Absolutamente" (República V 476d).
O olhar da alma é um comprometimento ético que Platão chama de periagogè (conversão). A realização dessa conversão transforma o filósofo ou, talvez simplesmente, revela sua verdadeira natureza. 6
2. A natureza do filósofo
O filósofo possui, segundo Platão, uma natureza especial que o difere dos demais. No fundo, ele é clarividente enquanto os demais estão mergulhados nas trevas, como cegos:
Ora bem! Parece-te que há alguma diferença entre os cegos e aqueles que estão realmente privados do conhecimento de todo o ser, e que não têm na alma nenhum modelo claro, nem são capazes de olhar, como pintores, para a verdade absoluta, tomando-a sempre como ponto de referência e contemplando-a com o maior rigor possível, para só então promulgar leis cá na terra sobre o belo, o justo, o bom, se for caso disso, e preservar as que existirem mantendo-as a salvo?
Por Zeus, a diferença é enorme! (República VI 484d).
Platão examina a natureza do filósofo-clarividente: 7
a) que seja sempre amante do saber (485b);
b) que sinta aversão à mentira e recuse admitir voluntariamente a falsidade (485c);
c) que cuide mais da alma que do corpo (485e);
d) que não possua qualquer baixeza e mesquinhez (486a);
e) que não tema a morte, não seja covarde, grosseiro, vaidoso (486b);
f) que tenha boa memória, pois não basta aprender, é preciso reter o que se aprendeu (486c);
g) que seja comedido (486d);
h) que conduza à verdadeira essência das coisas (486e);
i) que seja, enfim, aparentado com a verdade, coragem e justiça (487a).
Mas, apesar de possuir qualidades excepcionais, o filósofo é considerado inútil pela maioria: "... são inúteis à maioria os melhores filósofos" (489b). Por quê?
Por causa dos pseudo-educadores que ensinam como sabedoria aquilo que não é. 8 Por isso, a necessidade de uma nova educação, uma nova Paidéia. Mas antes disso, Platão insere uma alegoria para elucidar a educação popular e a relação com o filósofo, resumida a seguir. 9
Numa nau, o comandante excede em tamanho e força todos os demais, mas é surdo e míope e não conhece bem a navegação. Os marinheiros decidem assumir a direção da nau, e, desconhecendo a arte da navegação, levam a nau a pique. E se depararem com um piloto de verdade, atribuirão a ele a alcunha de imprestável.
Platão compara o comandante aos governantes das cidades; os marinheiros aos políticos; o verdadeiro piloto ao filósofo. 10 O problema todo está na má educação dos governantes e dos políticos. O resultado:
Bem poucos são, então - prossegui eu - ó Adimento, os que nos restam, dignos de conviver com a filosofia, a não ser qualquer espírito nobre e com boa educação, retido pelo exílio, e que, por falta de quem o corrompa, permanece por natureza fiel à filosofia... (República VI, 496b, grifos meus).
Mas a boa educação do filósofo não contribui porque ele é atopos (sem-lugar) na sociedade corrompida:
E os que se tornaram membros desse pequeno grupo, que provaram a doçura e beatitude desse bem, quando viram suficientemente a loucura da multidão, e que ninguém executa nada de sensato, por assim dizer, no governo dos Estados, nem há aliado cuja companhia pudesse prestar socorro à justiça, ficando a são e salvo, mas antes, como se fosse um homem que tivesse caído no meio das feras, sem querer colaborar nos seus desmandos nem ser capaz de, sozinho, resistir a todo esse bando selvagem, perece antes de poder ser de qualquer utilidade à cidade ou aos amigos, sem vantagem para si mesmo nem para os outros... (496d).
A situação é trágica: náufragos, desesperados por uma carta de navegação, aquele que poderia realmente ajudar é ignorado. O resultado é o domínio da injustiça e da impiedade. 11
O problema é - como o próprio Platão mostra a seguir, ao comparar a alma ao olhar na narrativa da metáfora do Rei-Sol - o olhar dos não-filósofos.
Após mostrar que o diferencial do filósofo é o conhecimento da Idéia do Bem 12 - o mais alto conhecimento - Platão lança mão da metáfora do Rei-Sol:
... O que eu quero é expor-vos o que me parece ser filho do bem e muito semelhante a ele, se tal voz apraz [...] Por que meio vemos o que é visível? - Por meio da vista [...] - Ainda que exista nos olhos a visão, e quem a possui tente servir-se dela, e ainda que a cor esteja presente nas coisas, se não lhes adicionar uma terceira espécie, criada expressamente para o efeito, sabes que a vista nada verá, e as coisas serão invisíveis. - Que é isso a que te referes? - É aquilo a que chamas luz (507e).
Portanto, não há visão sem os olhos e sem a luz. E a luz vem do Sol, o filho do bem: "Qual é, dentre os deuses do céu, aquele a quem atribuis a responsabilidade deste fato, de a luz nos fazer ver da maneira mais perfeita possível, e que seja visto o que é visível? - O mesmo que tu e os restantes; pois é evidente que estás a perguntar pelo Sol" (508a).
Em seguida, a preeminência da vista é explicitada:
- Acaso a vista não se encontra na seguinte relação para com o deus? - Qual? - A vista não é o Sol; nem ela nem o sítio onde se forma, a que chamamos olhos. - Sim. - Mas são, segundo creio, de todos os órgãos dos sentidos, os mais semelhantes ao Sol. - De fato. - E o poder que possuem, que lhes é dispensado por ele, não é como se transbordasse de lá? - Sim. - Por ventura o Sol, que não é a vista, mas sua causa, não é contemplado através desse mesmo sentido? - Assim é (508b).
O sentido da metáfora é revelado:
- Podes, portanto, dizer que é o Sol, que eu considero filho do bem, que o bem gerou à sua semelhança, o qual bem é, no mundo inteligível, em relação à inteligência e ao inteligível, o mesmo que o Sol no mundo visível em relação à vista e ao visível (508c).
Assim como os olhos físicos enxergam os objetos por causa da luz solar, assim o olho da alma enxerga o inteligível por causa da luz da Idéia de Bem. Eis um esquema para elucidar as equivalências:
MUNDO VISÍVEL | MUNDO INVISÍVEL | |
(1) Sol | = | Idéia do Bem |
(2) Luz | = | Verdade |
(3) Objeto de visão (cores) | = | Objeto do conhecimento (idéias) |
(4) Órgão de visão (olhos) | = | Órgão do conhecimento (nous) |
(5) Faculdade da visão | = | Faculdade da razão |
(6) Exercício da Visão | = | Exercício da razão |
(7) Aptidão para ver | = | Aptidão para conhecer(13) |
Interessa-nos, sobretudo, a equivalência entre os olhos e o nous e entre luz e verdade (Sol e Bem). Enfim, segundo Platão, com os olhos da alma (nous) contemplamos a Verdade.
A sabedoria está em olhar na direção correta. A alma que não olha na direção correta acaba por deter-se nos objetos materiais, e vê mal:
- Sabes que os olhos - prossegui eu - quando se voltam para objetos cujas cores já não são mantidas pela luz do dia, mas pelos clarões noturnos, vêem mal e parecem quase cegos, como se não tivessem uma visão clara. - Exatamente. - Mas, quando se voltam para os que são iluminados pelo Sol, acho que vêem nitidamente e torna-se evidente que esses mesmos olhos têm uma visão clara (508d).
O que dá ao sujeito que conhece essa capacidade é a Idéia do Bem: "Fica sabendo que o que transmite a verdade aos objetos cognoscíveis e dá ao sujeito que conhece esse poder, é a idéia do bem" (508e).
Mas como o sujeito tem acesso à Idéia do Bem? Como ele tem acesso à verdade?
Segundo Platão, a alma deve realizar uma "conversão", isto é, a verdade não é alcançada sem o preço de uma mudança interior, de uma purificação.
3. A ascese do olhar: alegoria da Caverna
A passagem é célebre:
- Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são capazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por trás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no gênero dos tapumes que os homens colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles [...] Visiona também ao longo desse muro, homens que transportam toda espécie de objetos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e animais, de pedra e de madeira, de toda espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
- Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas, observou ele. Semelhantes a nós, continuei. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?
- Como não, respondeu ele, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
- E os objetos transportados? Não se passa o mesmo com eles?
- Sem dúvida.
Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objetos reais, quando designavam o que viam?
- É forçoso.
- E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
- Por Zeus, que sim!
- De qualquer modo, afirmei, pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objetos.
- É absolutamente forçoso.
- Considera, pois - continuei -, o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objetos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objetos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele veria em dificuldades e suporia que os objetos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
- Muito mais, afirmou (República VII 514a-515d, grifos meus).
Platão mesmo explica a alegoria:
- Meu caro Glauco, este quadro - prossegui eu - deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá exista à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que já se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a idéia de Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para ser sensato na vida particular e pública (517b-c).
Para contemplar o Sol, o prisioneiro necessita realizar uma conversão:
... como um olho que não fosse possível voltar das trevas para a luz, senão juntamente com todo o corpo, do mesmo modo esse órgão deve ser virado, juntamente com a alma toda, das coisas que alteram, até ser capaz de suportar a contemplação do Ser e da parte mais brilhante do Ser... (518d).
"Assim como o olho físico só pode ser virado com um giro de todo o corpo, assim deve fazer a alma" (TAYLOR, 1997, p. 165). O que o sujeito desejoso da verdade deve fazer é realizar a conversão do olhar. Tal coisa é realizável pela verdadeira Paidéia (educação):
A educação seria, por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta a esse órgão, não a de fazer obter a visão, pois já tem, mas, uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhes os meios para isso (518d, grifos meus).
Sendo assim, o problema todo é a direção do olhar da alma: para quais objetos a alma está voltada? Para o imaterial e eterno ou para o material e mutável? Essas oposições definem as direções possíveis do olhar da alma em Platão. A alma é a direção do seu olhar.
Conclusão
Diferentemente do pensamento moderno e de alguns pensadores contemporâneos, o problema da verdade na Antiguidade é tratado também como um problema ético. Paradigmático é o caso de Platão. O acesso à verdade em Platão só é possível a expensas da mudança da direção do olhar da alma, isto é, a verdade só é alcançada como conseqüência de transformação do sujeito que a aspira.
A importância desta retomada de Platão é mostrar que a busca da verdade não se limita apenas ao questionamento e ao problema do método; tampouco, ao problema gnosiológico. Na realidade, o acesso à verdade exige também o comprometimento ético do amigo da sabedoria, isto é, do filósofo.
Referência Bibliográfica:
DUMONT, Jean-Paul. Elementos de História da Filosofia Antiga. Trad. Georgete M. Rodrigues. Brasília: Editora UnB, 2004.
FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. Trad. Márcio Alves da Fonseca & Salma Tannus Muchail. Coleção Tópicos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
GOLDSCHMIDT, V. Os Diálogos de Platão: estrutura e método dialético. Trad. Dion Davi Macedo. São Paulo: Loyola, 2002.
HADOT, P. O que é a filosofia antiga?. Trad. Dion Davi Macedo. Coleção Leituras Filosóficas. São Paulo: Loyola, 1999.
HEIDEGGER, M. La doctrina de Platón acerca de La verdad. Disponível .http://www.heideggeriana.com.ar/textos/platon.htm. em: . Acesso em: 31 maio 2008.
PLATÃO. A República. 10. ed. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa:Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
REALE, G. Para uma nova interpretação de Platão: releitura da metafísica dos grandes diálogos à luz das doutrinas não-escritas. 14. ed. Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1997.
TAYLOR, C. As Fontes do Self: a construção da identidade moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral & Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Loyola, 1997.
Notas:
1) Mestre em Filosofia pela PUC-SP. Atualmente é Coordenador do Curso de Filosofia da Faculdade Arautos do Evangelho. O presente trabalho é fruto da experiência na sala de aula: tratou-se, na ocasião, de balizar uma Introdução à Filosofia interpretada como uma Introdução à História da Conversão do Olhar e sua relação com a Verdade na Filosofia. Seus agradecimentos aos alunos do 1º ano do Curso de Graduação em Filosofia do Instituto Aristotélico-Tomista de São Paulo.
2) Ético não significa aqui o acento "mais no que é certo fazer do que no que é bom ser, antes na definição do conteúdo da obrigação do que na natureza do bem viver [...] mas na noção de bem como objeto de nosso amor ou lealdade" (TAYLOR, 1997, p. 15).
3) Como um problema da Gnosiologia ou da Teoria do Conhecimento.
4) A constatação refere-se ao Kant da Crítica da Razão Pura e não ao da Prática.
5) FOUCAULT, 2004, p. 22.
6) Certamente, aqui poderíamos pensar nas reminiscências das Idéias que a alma contemplou em sua preexistência,
ensinada por Platão.
7) O exame platônico é belíssimo e importantíssimo para nossa tese, mas muito extenso. Por isso, oferecemos um resumo das passagens 485b a 511e.
8) Platão os descreve em República VI 493a-e.
9) República VI 488b a 489a.
10) Ver República VI 489c.
11) A partir de 497d, Platão expõe como a cidade deve tratar a filosofia.
12) Ver 505a.
13) Cf. ADAM (nota 38) In: Tradução da Fundação Calouste Gulbenkian.
1) Mestre em Filosofia pela PUC-SP. Atualmente é Coordenador do Curso de Filosofia da Faculdade Arautos do Evangelho. O presente trabalho é fruto da experiência na sala de aula: tratou-se, na ocasião, de balizar uma Introdução à Filosofia interpretada como uma Introdução à História da Conversão do Olhar e sua relação com a Verdade na Filosofia. Seus agradecimentos aos alunos do 1º ano do Curso de Graduação em Filosofia do Instituto Aristotélico-Tomista de São Paulo.
2) Ético não significa aqui o acento "mais no que é certo fazer do que no que é bom ser, antes na definição do conteúdo da obrigação do que na natureza do bem viver [...] mas na noção de bem como objeto de nosso amor ou lealdade" (TAYLOR, 1997, p. 15).
3) Como um problema da Gnosiologia ou da Teoria do Conhecimento.
4) A constatação refere-se ao Kant da Crítica da Razão Pura e não ao da Prática.
5) FOUCAULT, 2004, p. 22.
6) Certamente, aqui poderíamos pensar nas reminiscências das Idéias que a alma contemplou em sua preexistência,
ensinada por Platão.
7) O exame platônico é belíssimo e importantíssimo para nossa tese, mas muito extenso. Por isso, oferecemos um resumo das passagens 485b a 511e.
8) Platão os descreve em República VI 493a-e.
9) República VI 488b a 489a.
10) Ver República VI 489c.
11) A partir de 497d, Platão expõe como a cidade deve tratar a filosofia.
12) Ver 505a.
13) Cf. ADAM (nota 38) In: Tradução da Fundação Calouste Gulbenkian.
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